sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Linguagem e Metalinguagem

Linguagem e metalinguagem
"A lógica ocupa-se com a linguagem formal ou com a linguagem simbólico científica. Por ser um discurso ou uma linguagem que fala de outro discurso ou de outra linguagem, se diz que ela é  uma  metalinguagem."


Para conseguir seu propósito, a lógica distingue dois níveis de linguagem:
1.  linguagem natural, isto é, aquela que usamos em nossa vida cotidiana, nas artes, na política, na filosofia;
2.  linguagem formal, isto é, aquela que é construída segundo princípios e regras determinados que descrevem um tipo específico de objeto, o objeto das ciências.
Essa distinção também pode ser apresentada como diferença entre dois tipos de linguagem simbólicas:
1. a  linguagem simbólica cultural  (a linguagem  “natural”), que usa signos, metáforas, analogias, esquemas para exprimir significações cotidianas, religiosas, artísticas, políticas, filosóficas. A principal característica desse simbolismo é ser conotativo, isto é, os símbolos carregam muitos sentidos e referem-se a muitas significações. A linguagem cultural é polissêmica, isto é, nela as palavras possuem inúmeros significados;
2. a  linguagem simbólica lógico-científica  (a linguagem  “construída”), que usa um sistema fechado de signos ou símbolos (o algoritmo), em que cada símbolo é símbolo de uma única coisa e corresponde a uma única significação. Sua principal característica é ser essencialmente um simbolismo  denotativo  ou indicativo, evitando a polissemia e afirmando a univocidade do sentido simbolizado. Por exemplo: H2O, +, x, =, →, ≡, etc. são símbolos denotativos ou indicativos de um só objeto ou de um só sentido; são algoritmos.
A lógica ocupa-se com a linguagem formal ou com a linguagem simbólicocientífica. Por ser um discurso ou uma linguagem que fala de outro discurso ou de outra linguagem, se diz que ela é  uma  metalinguagem.
Na vida cotidiana, podemos dizer, por exemplo, uma frase como:  “O Sol é uma estrela”. A lógica começará dizendo:  “A frase  ‘O Sol é uma estrela’  é uma proposição afirmativa”. Prosseguirá dizendo:  “A proposição  ‘A frase  O Sol é uma estrela  é uma proposição afirmativa’  é uma proposição verdadeira”. E assim por diante. A ideia da lógica como metalinguagem transparece com clareza quando examinamos, por exemplo, as teses principais do austríaco Ludwig Wittgenstein, cuja influência seria sentida por toda a lógica do século passado:
1. qualquer proposição que tenha significado é composta por proposições elementares, nas quais se encontra a verdade ou falsidade da proposição com significado;
2. as proposições elementares adquirem significado porque afiguram (retratam) o mundo não como fatos e coisas, mas como  “estado de coisas”;
3. as proposições da lógica são verdadeiras independentemente das noções de “significado”  e de  “estado de coisas”, porque, rigorosamente, não falam de nada, pois referem-se  a qualquer fato, significado ou estado de coisas que possam ocorrer ou não no Universo. As proposições lógicas são  verdades vazias, referidas apenas ao próprio uso das convenções lógicas. (Convite a Filosofia - Marilena Chauí).

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