VARIACÕES PROVOCADAS PELA ABORDAGEM DA AVALlACÃO QUE ESTÁ SENDO USADA
O modelo centrado nos participantes exerceu grande influência sobre os avalia-dores. Hoje em dia, poucos profissionais da área fazem uma avaliação sem conside-rar outros públicos e o contexto em que ela está sendo feita. Mas, como no capítulo 12, os modelos têm ênfases diferentes. Um avaliador que usa a abordagem centrada exclusivamente nos objetivos, caso raro hoje entre os avaliadores tarimbados, poderia envolver diversos públicos na definição dos objetivos do programa, mas seu foco monolítico nos objetivos o impe-diria de chegar a uma descrição adequada do programa e à compreensão do contex-to político no qual a avaliação está sendo realizada. Uma abordagem centrada em objetivos tende a ser relativamente linear e pode não reconhecer a multiplicidade de pontos de vista sobre o programa, o cliente que serve nem a sociedade na qual opera Da mesma forma, uma abordagem centrada na administração costuma ser criticada por seu foco no administrador como o principal indivíduo a tomar deci-sões e por só dar informações identificadas com as decisões a ser tomadas. Embora usuários sofisticados desse modelo certamente identifiquem e conheçam os interes-ses de outros públicos, esses públicos são vistos como secundários. Se esses públicos estiverem fora da entidade (como clientes, grupos de interesse etc.), é quase certo que não serão vistos como essenciais porque os avaliadores que adotam essa aborda-gem tendem a considerá-los sem poder para tomar decisões que afetariam o progra-ma dramaticamente (é óbvio que esses avaliadores não teriam considerado a possibi-lidade de um boicote!). Um avaliador centrado na administração também poderia se concentrar na definição de decisões a ser tomadas e no contexto dessas decisões, e não no contexto do programa em si. A abordagem centrada nos consumidores vai definir necessariamente o pro-grama em razão dos olhos dos consumidores. Nesse caso, outros públicos e outras visões do programa ou dos produtos podem ser negligenciados. Portanto, uma avaliação das florestas nacionais centrada no consumidor poderia escolher o foco da satisfação dos campistas dessas florestas. Até que ponto estão satisfeitos com as instalações do camping? Com a beleza do lugar? Com o acesso aos locais onde podem acampar? Esse tipo de foco negligenciaria outros públicos, como fazen-deiros, pessoas que não acampam mas querem a terra protegida e futuras gerações de usuários e não-usuários. É provável que o avaliador centrado em especialistas tenha a visão mais estreita ao identificar e considerar os públicos e suas descrições e visões do programa. O avaliador é contratado por causa de seus conhecimentos especializados desse tipo de programa. Esses conhecimentos, assim como os critérios da avaliação, derivam nor-malmente de educação, treinamento e experiência no campo e, muitas vezes, de padróes criados pela mesma profissão em que o "especialista" é formado. Assim, o público do programa e os meios de descrevê-lo são circunscritos de forma bem estreita pela profissão que o programa representa (como educação para as escolas, saúde para os hospitais, justiça criminal para as prisões). O avaliador pode coletar dados sobre o programa com muitos públicos diferentes, mas raramente vai consi-derar as necessidades informacionais desses públicos em sua avaliação. Esse avalia-dor veria seu papel como um reflexo dos padróes de seu campo, e não dos de outras pessoas ou grupos. O modelo centrado nos participantes é, com certeza, o que defende mais ardo-rosamente a inclusão de muitos públicos e perspectivas diferentes no planejamento da avaliação. O avaliador que usa esse modelo procuraria constantemente descobrir.
Livro Avaliação de Programas - Worthen
Livro Avaliação de Programas - Worthen
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